Revistas de videogame: a internet dos anos 90

Revistas de Videogame: A Internet dos Anos 90 (e um pouco mais!)

Se você viveu a era de ouro dos videogames, ou tem curiosidade sobre como era a vida gamer antes da internet onipresente, prepare-se para uma viagem nostálgica! As revistas de videogame eram muito mais do que simples publicações; elas eram portais para mundos digitais, a principal fonte de informação, debate e até mesmo de conexão social para uma geração de apaixonados por games. Esqueça o Google, o YouTube e os fóruns online – nos anos 90, as revistas eram a internet dos gamers.

O Paraíso do Pixel Impresso

Imagine a cena: você entra na banca de jornal, e entre as revistas de carros, fofocas e notícias, lá estão elas: as revistas de videogame. Capas chamativas, cores vibrantes, screenshots pixelados que pareciam saltar do papel, e promessas de segredos, dicas e análises dos jogos mais quentes do momento. Para muitos, era um ritual sagrado: economizar a mesada, escolher a revista com a capa mais interessante (ou aquela que falava do seu jogo favorito) e devorar cada página, absorvendo cada detalhe como se fosse um tesouro.

Mais que Informação: Uma Comunidade

As revistas de videogame não eram apenas fontes de informação. Elas eram o ponto de encontro da comunidade gamer. Através das seções de cartas dos leitores, os jogadores podiam compartilhar suas experiências, tirar dúvidas, fazer amigos e até mesmo criticar a revista (gerando debates épicos!). Era uma forma de se sentir parte de algo maior, de saber que você não estava sozinho na sua paixão por videogames.

As Revistas que Marcaram Época

No Brasil, algumas revistas se destacaram e se tornaram verdadeiros ícones da cultura gamer. Vamos relembrar algumas das mais importantes:

  • Ação Games: Uma das mais populares, a Ação Games era conhecida por sua linguagem irreverente, seus detonados completos e suas análises detalhadas. Foi uma das primeiras a trazer informações sobre lançamentos internacionais, e suas capas eram sempre de tirar o fôlego.

  • SuperGamePower: Concorrente direta da Ação Games, a SuperGamePower tinha um estilo mais "sério" e focado em análises técnicas. Também era conhecida por seus detonados extensos e por sua cobertura de jogos de RPG.

  • Gamers: Mais recente que as anteriores, a Gamers conquistou seu espaço com um design moderno, uma linguagem mais acessível e uma cobertura abrangente de consoles e jogos.

  • Vídeo Game: Uma das pioneiras, a Vídeo Game marcou época com seus detonados ilustrados, seus pôsteres e sua cobertura dos jogos clássicos dos anos 80 e 90.

  • Nintendo World: Para os fãs da Nintendo, a Nintendo World era a bíblia sagrada. Focada exclusivamente nos consoles e jogos da empresa japonesa, a revista trazia informações exclusivas, dicas e truques, e um conteúdo que deixava qualquer nintendista babando.

  • Electronic Gaming Monthly (EGM): Embora importada, a EGM era muito popular entre os gamers brasileiros que buscavam informações sobre os lançamentos americanos e japoneses. Sua equipe de redatores era conhecida por suas opiniões fortes e suas análises honestas.

  • Gamepro: Assim como a EGM, a Gamepro era importada e oferecia uma visão do mercado americano de games. Era conhecida por suas análises com notas altas e seus detonados bem elaborados.

Cada uma dessas revistas tinha seu próprio estilo, seu público-alvo e suas particularidades. Mas todas compartilhavam um objetivo em comum: informar, entreter e conectar os gamers em torno de sua paixão por videogames.

O Conteúdo que Fazia a Diferença

As revistas de videogame ofereciam uma variedade de conteúdo que ia muito além das simples análises de jogos. Elas eram verdadeiros compêndios de conhecimento gamer, com seções dedicadas a:

  • Análises: As análises eram a alma das revistas. Redatores especializados jogavam os games a fundo e davam suas opiniões sobre gráficos, jogabilidade, história, som e fator replay. As notas, geralmente em uma escala de 0 a 10 (ou de 0 a 5 estrelas), eram levadas muito a sério pelos jogadores.

  • Detonados: Os detonados eram o paraíso dos jogadores que ficavam presos em alguma fase difícil. Passo a passo, as revistas guiavam os leitores pelos labirintos, quebra-cabeças e chefes dos jogos, revelando segredos e dicas valiosas. Alguns detonados eram tão detalhados que pareciam roteiros de filmes!

  • Dicas e Truques: As revistas também traziam seções dedicadas a dicas e truques, como códigos secretos, golpes especiais, itens escondidos e atalhos. Era a forma de "trapacear" com estilo e impressionar os amigos.

  • Notícias e Lançamentos: As revistas eram a principal fonte de informação sobre os lançamentos de jogos e consoles. Elas traziam notícias fresquinhas, previews de jogos em desenvolvimento, entrevistas com desenvolvedores e informações sobre eventos e feiras de videogame.

  • Hardware: As revistas também dedicavam espaço para o hardware, com análises de consoles, placas de vídeo, joysticks e outros periféricos. Era a forma de ficar por dentro das últimas novidades tecnológicas e escolher o equipamento ideal para turbinar sua experiência gamer.

  • Cartas dos Leitores: Como mencionado anteriormente, a seção de cartas dos leitores era um espaço de interação e debate entre os jogadores. Era possível tirar dúvidas, fazer amigos, criticar a revista e até mesmo declarar seu amor por determinado jogo ou console.

  • Pôsteres e Brindes: Para atrair ainda mais leitores, as revistas costumavam oferecer pôsteres e brindes exclusivos. Pôsteres de personagens famosos, mapas de jogos e até mesmo miniaturas de consoles eram disputados a tapa nas bancas de jornal.

A Linguagem Gamer: Gírias e Expressões que Marcaram Época

As revistas de videogame não apenas informavam sobre os jogos, mas também ajudaram a moldar a linguagem gamer. Termos como "bug", "lag", "nerd", "noob", "pro", "cheat", "power-up" e "boss" se popularizaram através das revistas e se tornaram parte do vocabulário gamer.

Além disso, as revistas também criavam suas próprias gírias e expressões, que eram usadas para descrever os jogos e as situações de jogo. Expressões como "apelão", "trash", "must-have", "overpower", "epic fail" e "game over" eram comuns nas revistas e nas conversas entre os jogadores.

Essa linguagem gamer, que continua evoluindo até hoje, é um reflexo da cultura dos videogames e da forma como os jogadores se comunicam e interagem entre si.

O Fim de Uma Era?

Com o advento da internet e a popularização dos blogs, sites de notícias, fóruns e redes sociais, as revistas de videogame perderam um pouco de sua relevância. A informação passou a ser distribuída de forma mais rápida e acessível, e os jogadores passaram a ter mais opções para se informar e interagir entre si.

No entanto, as revistas de videogame não desapareceram completamente. Algumas resistiram e se reinventaram, adaptando-se aos novos tempos e oferecendo conteúdo exclusivo e de alta qualidade. Outras migraram para o formato digital, criando sites e aplicativos que continuam a informar e entreter os gamers.

E mesmo com a internet, as revistas de videogame continuam a ter um valor nostálgico para muitos jogadores. Folhear as páginas de uma revista antiga, relembrar os jogos que marcaram época e reviver a emoção de descobrir um novo segredo é uma experiência única e inesquecível.

O Legado das Revistas de Videogame

As revistas de videogame deixaram um legado importante para a cultura gamer. Elas foram responsáveis por:

  • Popularizar os videogames: As revistas ajudaram a popularizar os videogames, mostrando seus benefícios e desmistificando a ideia de que eram apenas "coisa de criança".
  • Formar uma comunidade gamer: As revistas foram o ponto de encontro da comunidade gamer, proporcionando um espaço para os jogadores se conectarem, compartilharem suas experiências e fazerem amigos.
  • Educar os jogadores: As revistas educaram os jogadores, ensinando-lhes sobre os jogos, os consoles e a cultura dos videogames.
  • Influenciar a indústria dos videogames: As revistas influenciaram a indústria dos videogames, dando voz aos jogadores e ajudando a moldar os jogos e os consoles do futuro.

Em resumo, as revistas de videogame foram muito mais do que simples publicações. Elas foram a internet dos anos 90, o ponto de encontro da comunidade gamer e uma fonte de informação, entretenimento e conhecimento que marcou época e continua a inspirar os jogadores de hoje.

Curiosidades e Bastidores

Para finalizar, vamos a algumas curiosidades sobre o mundo das revistas de videogame:

  • Os apelidos dos redatores: Muitos redatores de revistas de videogame usavam apelidos para se proteger do assédio dos fãs (e de possíveis processos). Alguns dos apelidos mais famosos são "Marcelo Kamikaze" (Ação Games), "Maverick" (SuperGamePower) e "Marcus Garrett" (Nintendo World).
  • As polêmicas: As revistas de videogame não estavam imunes a polêmicas. Discussões acaloradas sobre a qualidade de determinado jogo, críticas à postura de alguma empresa e até mesmo brigas entre redatores eram comuns nos bastidores.
  • Os brindes raros: Algumas revistas ofereciam brindes tão raros que se tornaram itens de colecionador. Miniaturas de consoles, jogos completos e até mesmo protótipos de jogos eram disputados a peso de ouro pelos colecionadores.
  • A tradução dos jogos: As revistas de videogame também ajudaram a popularizar a tradução dos jogos. Muitos jogos que não eram lançados oficialmente no Brasil eram traduzidos por fãs e divulgados nas revistas.
  • O futuro das revistas: Embora o formato impresso esteja em declínio, as revistas de videogame continuam a existir em formato digital. Algumas revistas tradicionais migraram para a internet, enquanto outras surgiram exclusivamente no formato digital.

Sua Vez!

E você, qual era sua revista de videogame favorita? Qual matéria te marcou mais? Compartilhe suas memórias e experiências nos comentários! Vamos juntos relembrar essa época de ouro dos videogames!